Produtos proibidos na Cirurgia Plástica e nos tratamentos estéticos conheça o PMMA

De acordo com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o PMMA (polimetilmetacrilato) pode ser utilizado em procedimentos estéticos líquidos para corrigir rugas e restaurar pequenos volumes perdidos devido ao envelhecimento. No entanto, tanto a SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) quanto a SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia) não recomendam o uso desse produto para fins estéticos, independentemente da quantidade utilizada.

Médicos dessas entidades afirmam que a exceção seria o uso do preenchimento facial com PMMA em pessoas com HIV/Aids, para corrigir a lipodistrofia causada pelos antirretrovirais, uma indicação prevista em uma portaria de 2009 da Anvisa. O CFM (Conselho Federal de Medicina) destaca que não existem estudos de longo prazo sobre o produto no corpo, especialmente em grandes volumes.

No censo de 2017 da SBCP, foram incluídos pela primeira vez dados sobre as sequelas dos implantes de PMMA, devido ao aumento no número de complicações. Em 2016, foram realizadas 4.432 cirurgias plásticas para corrigir defeitos causados pela aplicação dessa substância, de um total de 664.809 operações reparadoras. No entanto, o número total de complicações é muito maior, de acordo com uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – Regional São Paulo (SBCP-SP). No mesmo ano de 2016, houve mais de 17 mil registros de complicações em todo o país.

Para a maioria dos cirurgiões plásticos entrevistados pela entidade, o uso e a comercialização do PMMA deveriam ser proibidos no mercado nacional devido aos riscos envolvidos. Em 2006, o CFM e a SBCP já haviam se manifestado contra o uso indiscriminado dessa substância. Em 2007, após uma ampla discussão, a Anvisa proibiu a manipulação do PMMA em farmácias.

“Há vários produtos biocompatíveis e seguros, como o ácido hialurônico, que é absorvível. O PMMA é barato, permanente e traz uma série de riscos, mas as pessoas se iludem com a promessa do que pode dar errado”, afirma Níveo Steffen, presidente da SBCP.

O PMMA, também conhecido como bioplastia, é composto por microesferas de acrílico e é comercializado com diversos nomes, como metacril, pexiglass ou lercite. É usado principalmente para tratar rugas médias a profundas, preencher cicatrizes e aumentar lábios finos. Sua aplicação é realizada de forma simples, utilizando microcânulas com anestesia local. O custo é menor em comparação a outros produtos absorvíveis e considerados mais seguros. No entanto, uma vez aplicado, o PMMA é praticamente impossível de ser removido, pois se espalha pelo corpo.